Título: Clockwork angels – Os anjos do tempo
Autor: Kevin J. Anderson
Número de páginas: 295
Editora: Belas Letras
Por: Brenda Sousa
“Algumas pessoas querem riquezas fantásticas,
alguma querem muito poder, e outras (como eu) queriam viver aventuras e
conhecer as maravilhas do universo.”
– Os anjos do tempo, Kevin J. Anderson
Owen Hardy ainda
não era considerado um adulto quando vivia em Barrel Arbor, até os 16 anos de
idade. Levava uma vida simples, como ajudante do pomar com seu pai, namorando
com Lavínia, com quem deveria se casar em breve. Sua mãe desapareceu a alguns
anos e seu pai pode jurar que ela está morta, mas Owen acredita que ela fugiu
para descobrir os segredos do universo, era isso que diziam os diários dela: a
sua grande vontade de se aventurar.
Seu vilarejos e os
outros mais próximos, assim como a capital Crown City, é controlada pelo
Relojoeiro, o responsável pela estabilidade, por regular o tempo, por saber
tudo que o universo quer que aconteça para cada pessoa em cada lugar, pois “tudo
tem seu tempo, tudo tem seu lugar”. Segundo ele, os tempos antes da estabilidade eram tempos macabros, de guerras, lutas que
acabam em muitas mortes, de fome, tristeza e sofrimento, e agora, graças a ele,
as coisas são diferentes. E todos acreditam nisso, inclusive Owen. Mas, de
forma alguma, isso é capaz de tirar da sua cabeça a curiosidade para conhecer
Crown City, os grandes autômatos dos anjos do tempo, e se aventurar mundo
afora, muito além de Barrel Arbor.
Certa noite, perto
de completar seus 17 anos e se tornar oficialmente adulto, Owen decide que
precisa quebrar um pouco as regras e envolve Lavínia nisso. Marca com ela para
que à meia noite daquele dia eles se encontrem no morro para ver as locomotivas
passarem, embaixo da lua. Ele estava ansioso pela sua aparição quando o momento
finalmente chegou. Mas Lavínia não apareceu. A locomotiva chegou e com ela um
rapaz chamou Owen, lhe perguntou o que faltava na sua vida e o que ele queria
dali em diante. Sua resposta fez o rapaz puxá-lo para dentro, afastando-o da
sua vida pacata, da garota que ele achava ser o amor de sua vida e de seu
solitário pai. Owen estava à caminho de começar suas aventuras pelo mundo,
sozinho, sem saber ao certo o que fazer e sem nenhum dinheiro no bolso. Ele
estava prestes a descobrir os perigos e as maravilhas de se tornar adulto e a
conhecer um mundo de oportunidades e novos aprendizados.
Eu me interessei
pela leitura tanto pela capa quanto pela sinopse que me pareceu diferente do
que temos costume de ver por aí. “Owenhardy” de Barrel Arbor, como ele se
apresenta e é chamado por todos os personagens, é um garoto cheio de
esperanças, de vontade de viver. Ele é inspirado em muitos aspectos. O livro é
rico em personagens com as mais variadas personalidades possíveis, desde
artistas de circo, até anarquistas e naufragadores, é cheio de experiências de
tirar o fôlego e de nos fazer sonhar juntamente com Owen. A história não é
feita só de momentos bons, mas pelo contrário, de grandes aprendizados e
sofrimentos para o garoto. O que eu ache interessante foi acompanhar o
crescimento não físico do garoto, mas como um rapaz, se tornando um homem, com
suas paixões, medos e, acima de tudo, coragem de seguir a vida apesar de todos
os obstáculos.
A história é rica
em bastantes aspectos, porém eu achei ela muito parada. Acho que muita coisa
aconteceu devagar demais, as narrativas são longas e os capítulos às vezes se
tornam mais cansativos do que, na minha opinião, poderiam ser. Demorei bastante
de ler justamente por essa falta de dinâmica. Não digo nem de ação, pois acho
que livros sem ação podem ser sim muito bons, mas pela “vagareza” dos
acontecimentos e pela forma como foram retratados pelo autor. Para quem gosta
de viagens, aventuras e descobertas, fica a indicação da leitura. É um livro
para ser lido com calma e paciência, talvez até alternando com uma outra
leitura mais leve.