Nathan Bartham Bardel é uma serial killer conhecido por matar cruelmente e de forma característica as suas vítimas, sempre mulheres, na cidade de Blessfield. Ou melhor, costumava ser. Nathan agora está morto. Katherine Dwyer é uma escritora que acaba se interessando muito pela história de Bardel e decide escrever sua biografia, sem saber que estava se metendo numa grande enrascada desde então. Ryan Owen é um ex agente especial do FBI, que hoje vive sozinho, e foi o responsável por encontrar e prender Nathan Bardel. Todos eles estão conectados, ainda que não tenham conhecimento disso tão cedo.
Ao decidir escrever a biografia de Nathan, Kate mergulha de cabeça na sua história, seu métodos, seu crimes, suas vítimas, suas entrevistas e seu julgamento. É neste aprofundamento que ela encontra Ryan Owen, responsável por guiar o interrogatório do serial killer. Kate monta uma parede na sua casa com fotos, trechos de jornais e informações sobre Bardel, a fim de tornar mais legítimas as suas observações e momentos de escrita. Ela decide encontrar-se pessoalmente com Owen e pedir-lhe informações e auxílio para escrever o livro. Neste mesmo período, a sua editora lhe implora para que ela desista de escrevê-lo, porque eles não querem mais publicar a tal biografia de Nathan Bardel. Kate fica confusa com a desistência sem maiores explicações, mas não desiste. Mal sabia ela que aí começava uma teia de complicações.
Ryan decide ajudar Kate na sua corajosa atitude e com essa decisão eles acabam se envolvendo mais do que profissionalmente e Ryan percebe que a obsessão de Kate com relação ao assassino está passando dos limites. Ele lhe explica a sua vida, porque sua esposa o deixou levando seu filho e porque ele foi afastado do FBI. Tudo relacionado ao caso Bardel. E ainda assim, isso não faz com que ela desista.
Kate está recém separada de um namorado problemático que a traiu, porém, mesmo com toda a sua raiva, ela se deixa ser "possuída", sexualmente falando, nos momentos em que Dale aparece em sua porta. Esse é um dos pontos na vida de Kate que deixa Ryan furioso e faz com que Dale seja suspeito dos primeiros acontecimentos macabros da história. Kate recebe uma caixa em sua casa, contendo ameaças e fotos de Ryan com uma outra mulher que não sua esposa. Diante disto, Ryan decide passar a noite no apartamento dela, apenas para garantir que nada lhe aconteça. Ryan dorme no sofá e Kate no quarto. Nesta noite, no apartamento vizinho, Jennifer (vizinha de Kate) é assassinada brutalmente no estilo Nathan Bardel em todos os detalhes. Mas, lembremos, Nathan Bardel está morto e Ryan e Kate dormiram separados, portanto não são bem álibis confiáveis um para o outro.

Sobre a morte do serial killer podemos ter completa certeza. Bardel é um dos narradores da história e, em espírito, alma penada, aparição ou sabe-se lá o que, ele consegue ver cada passo de Kate. Ele se interessou por ela no momento em que ela decidiu escrever a sua biografia e desde então passa muito tempo ao seu lado. Durante toda a história ele se reveza entre Kate e Ryan e é ele mesmo quem descobre quem é o assassino antes de todos. E nós, leitores, continuamos com a grande dúvida: Quem está matando as mulheres de Blessfield, se Bardel está morto?".
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Desde o começo do livro a história é intensa, forte, carregada de emoções de todos os gêneros e de uma grande parcela de tensão. A história é narrada alternando os momentos de Kate, Ryan e Owen, inicialmente, e depois de um tempo a partir da visão do assassino (sem que saibamos ainda quem ele é). Eu sou uma grande leitora deste gênero literário, e preciso dizer que "Eu vejo Kate" está, sem dúvidas, na minha lista de favoritos de 2015 e acredito que de favoritos da vida. Não se encontra falhas na história, em momento algum ela perde o fôlego ou nos faz desanimar com a leitura. São segundos atrás de segundos de desespero e curiosidade instigadas em nossas mentes, com um tremendo poder sobre nós (acho que roí algumas unhas. Só algumas). É uma narrativa que não demora muito para começar a acontecer de forma emocionante e não entrega as respostas que queremos apenas no final, como muitos outros livros do gênero fazem. "Eu vejo Kate" nos conta, sim, quem é o assassino, mas isso não se torna o desfecho do livro, mas faz com que desejemos mais e mais e mais.
Na introdução do livro, Claudia Lemes nos explica um pouco sobre o seu processo de escrita para o livro e fala sobre o motivo para ter feito este livro tão pesado, cheio de detalhes e não poupando nenhum dos fatos encontrados e descobertos durante seus intensos anos de pesquisa dedicados a este trabalho. Li a introdução e me arrepiei com suas palavras. Por isso digo que para ler este livro é preciso ser forte, sim, pois não temos nenhum momento de ilusão ou de tentativa de tornar as coisas melhores, mas sim uma realidade. Uma realidade que acontece a cada minuto no mundo inteiro e a mídia insiste em nos passar como se fizesse parte de um conto de fadas. Claudia Lemes é real, direta, intensa e clara em tudo que quer nos dizer. É isso que faz de "Eu vejo Kate" uma obra de excelência, que merece sucesso e atenção!

Uma coisa que me chamou muita atenção fisicamente no livro foi a sua arte de capa (imagem ao lado). Já achei muito bonita quando vi, mas acho que dei uma boa viajada enquanto lia a história e a analisava. Não sei se é Bardel ou Ryan com a mulher na capa, mas tive as duas possibilidades em mente. Optei por escolher Ryan. Por que? Ryan e Kate estão próximos, os desenhos são formados por sangue que, para mim, representa a intesidade e realidade da história, e fazendo um esforço na imaginação, enxerguei um coração, mas com nada de poético nisso, apenas representando a relação dos dois. Com essa visão, enxergo o "X" como sendo a representaçao de Bardel, uma vez que ele não está presente fisicamente e sim em espírito, acreditei que seria uma forma de dizer: "Ele está presente ao lado de Ryan e Kate". Será que eu viajei demais? hahahaha
Por fim, "Eu vejo Kate" é um livro que vale à pena, seja para abrir os olhos, para sentir a forte emoção de uma boa leitura, para entender que a mente do ser humano é um labirinto sem saída e sem explicações concretas. É um livro sensacional, fantástico, incrível. Eu poderia utilizar todos os adjetivos em sua máxima intensidade para descrevê-lo. Ele me tomou de corpo e alma, me fez lê-lo como quem devora um enorme prato de sua comida preferida. É apenas isso que digo para indicar a leitura. Espero que entendam e sintam o poder deste livro.