Resenha – Por uma questão de amor

domingo, 24 de junho de 2018
Título: Por uma questão de amor
Autora: Beatriz Cortes
Editora: Novo século
Número de páginas: 268



Por: Brenda Sousa

“Tudo o que precisamos é acreditar. E seguir em frente, sem medo do que pode acontecer.”
Por uma questão de amor, Beatriz Cortes

Lorena estava acostumada com uma vida em Angra dos Reis, vivendo com seu pai, seu irmão mais velho, e o melhor amigo deles, Daniel, até o momento em que a morte de seu irmão, Matheus, mudou sua forma de enxergar sua própria vida. O sofrimento tomou a alma de todos, mas a vida precisa continuar mesmo assim. Aprovada na UFRJ, Lorena se muda para o Rio de Janeiro, para o alojamento da faculdade. Daniel já vivia na mesma cidade e, assumindo o papel de um novo irmão mais velho, estaria sempre por perto para ajuda-la a ter uma nova vida. 

Chegando à sua nova cidade de residência, Lorena conhece Letícia, sua colega de quarto, com quem se dá bem logo de cara. Na ocasião de apresentações, conhece também Nicholas, colega de quarto de Daniel e estudante de medicina da mesma universidade em que estuda. É nesse momento que sua nova vida se ilumina. Nicholas é um deus grego aos seus olhos, porém carrega uma fama de mulherengo no campus, destruidor de corações de todas que já caíram na sua “rede”. Logo de cara, Daniel já dá o veredicto “não se meta com ele”. Mas quem disse que nosso coração sempre ouve os conselhos daqueles que nos amam?

O que Lorena não sabia era que a morte do seu irmão não poderia ficar para trás, presa na cidadezinha em que morava. Se envolver com Nicholas pode trazer segredos do passado de suas famílias que nem eles mesmos poderiam imaginar existir. De romances que deram errado a crimes cometidos, o envolvimento entre as famílias de Nicholas e Lorena pode trazer muito mais sofrimento do que recuperação das dores passadas.


Cá estamos com mais um livro de Beatriz Cortes (que eu já deveria ter lido a alguns anos atrás, me desculpa, Bhya!). O livro é um romance nacional bem característico, marcado pela escrita cuidadosa e apaixonante da autora. Facilmente nos envolvemos com a história e seus personagens, que são, sim, pessoas normais, o que nos faz perceber que qualquer um de nós poderia estar vivendo este enredo. O livro nos apresenta um mistério no início que é carregado até a metade da história e se desenrola daí até o final. Um mistério que chega no seu ápice nos deixando com lágrimas nos olhos e muita pena dos que estão envolvidos em tamanha confusão.

Gosto das histórias da Bhya, porque elas são leves e nos fazem pensar sobre nossos sentimentos, nossa forma de nos colocarmos no mundo, nossa forma de aproveitar a vida. Para quem não sabe, a Beatriz é psicóloga e sua forma de escrever é aconchegante do começo ao fim, como se conversasse conosco também em diversos momentos. Essa história, em geral, nos fala um pouco sobre a morte, sobre o luto, e sobre a necessidade de seguir com nossas vidas quando alguém muito querido se vai. Gostei da forma como tudo foi tratado, como a personagem aos poucos foi percebendo que o sofrimento não precisa ser 100% da sua vida e como, aos poucos, foi se tornando adulta ao reconhecer que a vida continua.


A história, em geral, tem momentos muito fofos e momentos tristes e fortes. A leitura flui rapidamente, sem esforço e sem enrolação. O que eu senti falta foi de mais aprofundamento na história de Daniel com uma-certa-garota (sem spoiler!), e fica a dica para dona Beatriz dar continuidade ou fazer outro livro com esses dois, porque vamos combinar: que casal mais fofo! E tem tanta coisa que pode desenrolar deles dois... Continua, Bhya, continua!!! <3








Resenha – A garota que você deixou para trás

segunda-feira, 2 de abril de 2018
Título: A garota que você deixou para trás
Autora: Jojo Moyes
Número de páginas: 380
Editora: Intrínseca



Por: Brenda Sousa

“Isso também é suportável, dissera sua expressão. Talvez você não saiba agora. Mas você vai sobreviver.”
A garota que você deixou para trás, Jojo Moyes

Sophie Lefévre e seu marido Édouard Lefévre apaixonaram-se inusitadamente, como uma supresa da vida para ambos. E viveram seus bons anos de casamento, até o estouro da Primeira Guerra Mundial os separar, sem previsão de reencontro. Sophie passou a viver com sua irmã, irmão e sobrinhos, cuidando de um restaurante agora pouco movimentado, vivendo de migalhas e sofrendo com os avanços alemães na sua cidade na França. Édouard foi convocado para o front da Guerra, e todos os dias o maior desejo de Sophie é que eles esteja bem, ou talvez apenas vivo, em breve retornando para os seus braços. A única lembrança que tem dele é o quadro que ele pintou, a imagem dela, representada em diversas cores, com um olhar característico. Uma belíssima pintura, retrato de alguém que Sophie já não é mais.

De 1917 para 2006, a mesma pintura está na parede da casa de Olivia Halston. O quadro “A garota que você deixou para trás” foi presente de seu marido, pouco depois de se casarem, e virou um item de eterna lembrança do amor deles após a morte inesperada de David. Olivia mora na casa construída por seu marido, arquiteto talentoso e muito conhecido por suas belíssimas obras, e trabalha com frutos do que seu marido construiu. Faz 4 anos que é viúva, morando sozinha e com uma péssima relação com o pai, e só agora começa a enxergar a possibilidade de seguir adiante com sua vida amorosa. Ao conhecer Paul McCaferthy, também de forma muito inusitada (e por que não desagradável?), as coisas começam a tomar um rumo inesperado em seu coração. Mas ainda não seria hora de trazer a calmaria de volta à sua vida. O destino tem caminhos tortuosos para fazer as coisas andarem para a frente, e nem Liv nem Paul são capazes de controlar isso.


Eu ganhei este livro da Jojo a alguns anos atrás em um aniversário, porém ainda não tinha conseguido realizar a leitura. Ultimamente ele vinha chamando muito a minha atenção quando olhava para a estante e, através de uma enquete no nosso instagram (@postandotrechos) escolheram ele como minha leitura da vez. Todas, absolutamente TODAS as pessoas com quem já tive a oportunidade de conversar sobre esse livro me deram a mesma opinião: esta história é maravilhosa! E estou aqui para reverberar esta opinião. Jojo Moyes nos apresenta aos personagens de forma muito profunda, muito íntima, eu diria, e nos faz buscar mais e mais aproximação de cada um deles. Através de suas páginas podemos adentar no mais íntimo de cada personagem e atiçar nossa curiosidade pelo caminhar da história.

Gostei muito da forma como o livro é guiado entre passado e presente, com sua Parte I nos dando apenas uma pequena dimensão do que a história se tornaria nos capítulos seguintes. Liv se mostra uma mulher de muita garra, lutando por aquilo que acredita, até os últimos minutos. Uma personagem para nos inspirar mais e mais! Apesar de o livro trazes 2 romances importantes, o que mais chama atenção é o caráter histórico que a autora nos traz, permitindo uma reflexão sobre os períodos das duas grandes guerras e sobre um tema não muito discutido, que é o roubo de bens materiais de pessoas inocentes em ambos os períodos trágicos da história mundial.


O desfecho da história é surpreendente de uma forma muito coerente e sólida e me deixou de boca aberta e olhos cheios de lágrimas. É uma leitura para levar no coração, para levar como um dos livros inscritos na lista de favoritos, não só pela beleza e realidade com que cada acontecimento é guiado, quanto por ser equilibrado em seus propósitos, não se perdendo em nenhum momento e fechando a história de maneira consistente, deixando o leitor com uma intensa ressaca literária, sem acredita no que os olhos leem até a última página. Se já não for suficiente, afirmo: vale a pena a leitura!








Resenha – A morte no Nilo

sexta-feira, 30 de março de 2018

Título: A morte no Nilo
Autora: Agatha Christie
Número de páginas: 235
Editora: Nova Fronteira



Por: Brenda Sousa

“- [...] Parto do princípio de que é melhor não confiar em ninguém.”
– A morte no Nilo, Agatha Christie

Hércule Poirot estava em mais uma de suas tentativas de tirar férias e esquecer dos inúmeros casos de assassinato que já desvendou até então. Mas o perigo de ser tão bom detetive, quem sabe o melhor do mundo, é que os crimes jamais te deixam viver em paz. Em viagem ao Egito, com o único intuito de descansar e espairecer, Poirot se vê cercado de pessoas sedentas por vingança, lhe pedindo ajuda e declarando que corriam risco de morrer a qualquer momento, de forma brutal e insensível. Porém, o detetive só entra em cena quando o caso já aconteceu. Isso não o impede de estar sempre de olhos bem abertos e atento a cada passo, conversa e acontecimento ao seu redor.

Dentro de um navio no rio Nilo, Poirot tem como companhias pessoas ambiciosas, dentre ricos e humildes, aparentemente em uma viagem inocente e sem relações entre eles. No entanto, sua experiência e os boatos que ouve onde quer que vá já deixam bem claro que não é bem assim. Linnet Ridgeway é uma bela e riquíssima jovem, herdeira de uma herança muito significativa, prestes a completar seus 21 anos e finalmente tornar-se maior de idade. Está sempre cercada de pessoas que desejam seu dinheiro e sua beleza. Linnet está prestes a se casar com um rapaz de família rica e futuro próspero, quando, certo dia, uma de suas amigas, Jacqueline de Bellefort, diz querer lhe apresentar seu noivo, Simon Boyle. A partir daí as coisas começam a desandar. Linnet se apaixona por Simon e, dona de uma beleza irresistível, o tira de sua amiga. Jacqueline é tomada por uma raiva profunda e, quando o casal casa e entra em lua de mel, ela decide segui-los para cada lugar do mundo em que eles vão, culminando em uma viagem de navio pelo rio Nilo. Diversas outras peças de um quebra cabeça complexo começam a aparecer no mesmo navio, até o assassinato da nossa personagem principal. E agora Poirot mais uma vez perde a chance de curtir férias tranquilas e passa a investigar esta tão intrigante morte no Nilo...



Aqui em casa tem um quilômetro de livros de Agatha Christie e eu sempre vivia prometendo ler vários deles algum dia. Depois de assistir o filme “Expresso para o Oriente” (e errar DRASTICAMENTE o assassino, sob pena de ser julgada e zoada pelo meu melhor amigo até hoje), e descobrir que a próxima adaptação da autora será “A morte no Nilo”, decidi ler o livro para não dar a ele esse gostinho de me fazer passar vergonha com minhas capacidades investigativas novamente. Hahahaha’

Aí vem a surpresa de que... EU ADIVINHEI O(S) CULPADO(S)!!!!! Fiquei eufórica com isso sim, me aceitem. São muitas opções e minha cabecinha foi até o final com o mesmo palpite. Me senti feliz e tratei de mandar uma mensagem para meu amigo. Hahaha’ Em geral, a narrativa da autora é muito rápida e o personagem Hércule Poirot é extremamente divertido e intrigante, com seu jeito convencido e calmo de ser. Os capítulos passam rápido e a leitura vai te prendendo cada vez mais, te fazendo ficar sedento por respostas, especialmente quando o coronel Race, companheiro de Poirot nesta investigação, tenta todas as alternativas e não consegue tirar suas próprias conclusões.

Em geral é uma história um tanto quanto parecida com “Expresso para o Oriente”, inclusive a autora até cita uma parte desta história. No entanto isso não faz com que o livro perca seu encanto e seu poder de cativar o leitor a cada parágrafo lido. Eu super indico esta história para quem curte bons livros de investigação policial, sem enrolação e com acontecimentos guiados de forma muito bem articulada desde o primeiro capítulo até o último.









Resenha – O livro dos ressignificados

domingo, 18 de março de 2018

Título: O livro dos ressignificados
Autor: João Doederlein (@akapoeta)
Número de páginas: 215
Editora: Paralela



Por: Brenda Sousa

“Ressignificar: é olhar de dentro para fora. É encontrar novidade no que a gente vê todo dia.”
O livro dos ressignificados - João Doederlein

Quando saímos de casa e olhamos ao nosso redor, enxergamos o mesmo que qualquer outra pessoa que passe pelo mesmo lugar naquele momento. Será mesmo? Será que os meus olhos enxergam tudo que os seus enxergam e da forma como os seus enxergam? Desde um pequeno copo plástico largado no asfalto, até o sorriso de um desconhecido que nos encanta de imediato? João Doederlein nos mostra que não é bem assim. Com pequenos poemas, textos, e ressignificações das mais profundas, ele consegue nos mostrar que uma palavra pode ser lida de diferentes formas.


O livro é dividido em algumas partes, e o autor consegue ressignificar desde palavras como indiferença, felicidade, serendipidade e ritmo, até palavras super modernas como crush, match e bad. Em cada página é possível sentir lá no fundo do peito o que ele quer dizer. Sua forma singela de nos reexplicar o mundo é cativante e me fez dar pequenos sorrisos em dias de tensão, me fez levantar os olhos para o céu e enxergar o azul de forma diferente, olhar para um desconhecido e buscar sua história pelo seu olhar. “O livro dos ressignificados” me trouxe calma e paz interior de um jeito que nem eu mesma consigo entender muito bem.

Engraçado que eu estava passando na livraria para comprar um presente e, na mesma bancada do livro que peguei, estava este exemplar, discreto, porém bem trabalhado, com um preço ótimo. Quando abri, li a primeira “ressignificação” feita pelo autor e me encantei no ato. Não podia deixar de comprar. Acreditei que aquele livro estava ali por um propósito e ele realmente estava. É um livro capaz de nos acompanhar em dias tensos e complicados como se estivesse de mãos dadas conosco, guiando nossos passos e tirando a ansiedade, nervoso e preocupações da nossa mente com apenas algumas palavras. Eu indico para quem gosta de leituras tocantes. Li em apenas 2 dias (isso porque tive que parar por alguns compromissos), devorando cada página como se não houvesse amanhã. E o que o livro me ensinou? Que há amanhã sim, e que ele está lá para ser muito bem vivido.





 
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